CHAPTER XXXIV

 

 

Shun (∫Λn) - evitar intencionalmente; fugir a, esquivar-se a;

 

 

Yield (ji:ld) - render-se, submeter-se

 

 

Beguile (bi´gail) – seduzir, iludir, enganar, distrair, divertir

 

 

Revel (´revəl) – divertir-se (fazer uma patuscada, divertir-se ruidosamente; andar na pândega;)

 

 

Border (´bo:də) - canteiro redondo de jardim

 

 

Begone (bi´gon) – rua! fora!

 

 

Avert (ə´və:t) - desviar, afastar; evitar

 

 

Admonition (،ædmə´ni∫ən) - aviso, advertência; admoestação, conselho

 

 

Thrill (θril) – emoção forte, arrepio, calafrio, (prazer) vibração; excitação, palpitação

 

 

Sever (´sevə) – separar, dividir

 

 

Pry (prai) - intrometer-se; meter o nariz; espreitar, espiar; bisbilhotar

 

 

[Pray (prei) - rezar, orar; suplicar; implorar; pedir por favor]

 

 

Smoulder (´sməuldə) - arder a fogo lento; arder sem chama (fumo espesso, fumarada;)

 

 

Mild (maild) - (clima) ameno, temperado, moderado, suave; brando, suave; macio; fraco; leve;

 

 

Awkwardness (´o:kwədnis) - inépcia, embaraço, dificuldade;

 

 

Ghoul (gu:l) - vampiro; espírito maligno;

 

 

Bane (bein) - desgraça; causa de ruína;

 

 

 

Wean (wi:n) – separar, afastar

 

 

To wean somebody away from - afastar alguém de

 

 

Protracted (prə´træktid) – prolongado, demorado

 

 

Compliance (kəm´plaiəns) - conformidade; concordância; submissão; acatamento; obediência

 

 

Engrossing (in´grəusiŋ) - cativante, fascinante, apaixonante, absorvente

 

 

Speculation (،spekju´lei∫ən) - reflexão; meditação; especulação; conjectura;

 

 

Irksome (´ə:ksəm) - aborrecido, custoso, maçador, fastidioso, penoso;

 

 

Misgiving (،mis´giviŋ) - mau pressentimento; receio; inquietação; apreensão

 

 

Endearment (in´diəmənt) - encanto, ternura, afecto;

 

 

Divert (dai´və:t) - afastar, desviar; distrair, divertir

 

 

Foul (faul) - sujo, imundo, sórdido, fedorento, malcheiroso, nauseabundo; nojento

 

 

Bellows (´beləuz) - fole

 

 

Distraction (di´stræk∫ən) – desorientação, loucura, transtorno, distracção; divertimento; diversão

 

 

Much obliged! - muito obrigado!

 

 

 

Annihilate (ə´naiəleit) - aniquilar; destruir; eliminar

 

 

'They won't do that,' he replied: 'if they did, you must have me removed secretly; and if you neglect it you shall prove, practically, that the dead are not annihilated!' - Eles não farão uma coisa dessa, -- contrapôs. -- Mas, se fize­rem, tens de me levar para lá em segredo; e, se não o fizeres, irei pro­var-te, na prática, que os mortos não desaparecem de vez!

 

 

Chuck (t∫Λk) - (Norte de Inglaterra) termo de carinho

 

 

Ado (ə´du:) - barulho, bulício, dificuldade, esforço;

 

 

Graze (greiz) - roçar; raspar; (pastar)

 

 

Stark (stα:k) - rígido, hirto

 

 

Hasp (hα:sp) - fechar com ferrolho, com aloquete

 

 

Meddle (´medəl) - intrometer-se; meter-se; interferir; mexer

 

 

To cut a caper/to cut capers - dar saltos de contente; agir descontroladamente/tolamente;

 

 

 

Lawful (´lo:ful) - lícito; legítimo; válido; legal;

 

 

Unavoidably (،Λnə´voidəbli) - inevitavelmente

 

 

Tough (tΛf) - duro, rijo;

 

 

Attendance (ə´tendəns) – assistência, afluência, audiência, número de espectadores

 

 

Sod (sod) - torrão de relva;

 

 

Skittish (´skiti∫) - nervoso, excitável, irrequieto, espantadiço, assustadiço

 

 

Levity (´leviti) - frivolidade, leviandade, leveza, falta de seriedade;

 

 

Harebell (´heəbel) - BOTÂNICA campainha;

 

FIM

 

 

 

 

 

Crítica de Charlotte Brontë

 

 

A leitura atenta de *_A Colina dos Vendavais* (_Wuthering

Heights), que acabo de fazer, mostrou-me pela primeira vez com suficiente clareza os aspectos que lhe são apontados como defeitos, e que talvez o sejam na realidade, dando-me ao mesmo tempo uma noção bem definida do que o livro representa para os outros leito­res -- para os leitores estrangeiros que nada sabiam acerca da autora; para os que estão familiarizados com os locais onde a his­tória se desenrola; para aqueles aos olhos dos quais os habitantes, costumes e a geografia dos montes e povoados do oeste do York­shire são algo de estranho e desconhecido.

 

 *_A Colina dos Vendavais* (_Wuthering Heights) surge sem dúvida aos olhos de todos eles como uma obra chocante e rude. As char­necas inóspitas do Norte de Inglaterra não podem obviamente des­pertar o seu interesse; a linguagem, as maneiras, as próprias casas e hábitos domésticos dos habitantes dispersos pela região devem ser em grande parte ininteligíveis para tais leitores e, quando inteligí­veis, repulsivos. Homens e mulheres que, serenos por natureza, moderados nos sentimentos e sem traços demasiado vincados de caráter, tenham, provavelmente, sido educados desde o berço na observância das mais recatadas postura e contenção de linguagem, não saberão como interpretar o linguajar forte e duro, as paixões desabridas, os ódios sem tréguas e os rompantes, de aldeões anal­fabetos e fidalgotes grosseiros criados sem mais cultura ou educa­ção que a que lhes foi ministrada por mestres tão rudes quanto eles. Como tal, um apreciável número de leitores sentir-se-á agredido pela introdução nas páginas que se seguem de palavras impressas com todas as letras, palavras essas que, por tradição, costumam ser representadas apenas pela primeira e última letras ligadas por um travessão. Devo, contudo, e desde já, afirmar que não é minha intenção pedir desculpa por tal ocorrência, uma vez que eu própria considero judiciosa a escrita de tais palavras por extenso. A prática comum de se dar a entender por letras isoladas todas aquelas imprecações com que as pessoas coléricas e profanas têm por hábito ornamentar o seu discurso  afigura-se-me um procedimento fraco e fútil, embora bem intencionado. Não entendo que benefícios possa trazer, que sentimentos possa poupar, que horrores possa dissimular.   

 

  Portanto, e no tocante à rusticidade de *_A Colina dos Vendavais* (_Wuthering Heights), admito a acusação, pois reconheço-lhe a índole. A obra é rústica de fio a pavio. Bravia, áspera e nodosa como a raiz da urze. E nem poderia ser de outro modo, sendo a sua autora, como é, fruto e produto do urzal. Tivesse a família ido parar à cidade, e os seus escritos, se porventura tivesse chegado a escrever, teriam sem dúvida um caráter bem diferente. Mesmo que, por acaso ou por preferência, tivesse escolhido um assunto semelhante, tê-lo-ia tratado de maneira diversa. Fosse Ellis Bell dama ou cavalheiro acostumado ao que chamamos «a mundanidade», e a sua imagem de um lugar remoto e abandonado, bem como das suas gentes, teria sido bem diferente da imagem divulgada pela rapariga da província. Teria sido sem dúvida mais generalista, mais abrangente. Se isso a teria tornado mais original ou mais autêntica, é difícil de dizer. No tocante aos lugares e às paisagens, teria forçosamente ficado aquém em empatia: as descrições de Ellis Bell não são apenas fruto do prazer de olhar à sua volta; os montes onde cres­ceu eram para ela muito mais do que um espetáculo; eram a realidade onde vivia e de que se alimentava, tal como o eram os pássaros -- os seus moradores -- ou a urze -- o seu fruto. Assim, as suas descrições das paisagens naturais são o que deviam ser, e tudo aquilo que deviam ser.

 

 Já o mesmo não se passa em relação às suas descrições da natureza humana. Estou pronta a reconhecer que ela tinha pouco mais experiência das gentes que a rodeavam do que uma freira terá dos camponeses que de vez em quando passam à porta do convento.   

 

 A minha irmã não era gregária por natureza, tendo sido as circunstâncias que propiciaram e acentuaram a sua tendência para a reclusão -- exceto para ir à igreja, ou para dar um passeio pelos brejos, raramente transpunha o limiar da porta. Embora a sua atitude fosse benevolente para com os que viviam em redor, nunca procurou relacionar-se com eles, nem, salvo raras exceções, isso aconteceu. E, no entanto, conhecia-os. Conhecia os seus modos, o seu lingua­jar, as suas sagas familiares -- era capaz de ouvir falar deles com interesse e de falar deles pormenorizadamente, com minúcia, rigor e a propósito, mas, *com* eles, raramente trocava uma palavra. Daí que tudo aquilo que a sua mente apreendeu da realidade dessas gen­tes se tivesse cingido tão só aos traços trágicos e terríveis que a memória mais facilmente retém das histórias ouvidas sobre os anais secretos da vizinhança. A sua imaginação, mais sombria que soa­lheira, mais recolhida que folgazã, encontrou nesses traços a maté­ria de onde extraiu um Heathcliff, um Earnshaw, uma Catherine. Ao dar corpo a tais personagens, fê-lo sem saber o que fazia. Se o destinatário do seu trabalho, quando o leu em manuscrito, tivesse estremecido sob o peso torturante de naturezas tão cruéis e impla­cáveis, de almas tão perdidas e excomungadas, se se tivesse quei­xado de que a mera audição de algumas cenas era o suficiente, pela sua vividez e ferocidade, para lhe tirar o sono toda a noite e perturbar a paz de espírito todo o dia, Ellis Bell interrogar-se-ia sobre o verdadeiro significado de tal atitude e acusaria o queixoso de pre­tensiosismo. Tivesse ela vivido mais tempo, e a sua mente teria crescido forte como uma árvore mais sublime, mais pujante, mais frondosa, e os seus frutos amadurecidos teriam atingido uma matu­ridade mais plena, um brilho mais resplandecente; porém, numa mente assim só o tempo e a experiência podiam influir, impenetrá­vel que era à influência de outros intelectos.

 

  Tendo reconhecido que de grande parte de *_A Colina dos Venda­vais* (_Wuthering Heights) se desprende o «horror das trevas profundas», que, na sua atmosfera pesada e tempestuosa, carregada de eletricidade, nos sentimos amiúde a respirar os próprios raios, dei­xem-me agora apontar aquelas passagens em que a claridade, se bem que toldada pelas nuvens, e um sol algo eclipsado, atestam mesmo assim a sua presença. Atente-se em Nelly Dean, persona­gem ilustrativa da benevolência sincera e da fidelidade despreten­siosa; como exemplo de constância e de ternura, atente-se em Edgar Linton. (Haverá quem pense que estas qualidades não se manifes­tam com tanto brilho num homem como se manifestariam numa mulher, mas Ellis Bell jamais entenderia tal observação: nada a perturbava mais do que a insinuação de que a fidelidade e a clemência, ou a natureza sofredora e afável, virtudes consideradas apanágio das filhas de Eva, se tornassem fraquezas nos filhos de Adão. Para ela, o perdão e a misericórdia são os mais divinos atributos do Grande Ser que fez o homem e a mulher, e aquilo que adorna Deus na Sua glória não pode lançar em desgraça nenhuma forma de humana fragilidade). Há um certo humor cáustico e saturnino na caracterização do velho Joseph, e a jovem Catherine é animada por pinceladas de graça e vivacidade. Do mesmo modo, também a primeira heroína com esse nome não deixa de ostentar uma estranha beleza na sua crueldade, nem uma certa honestidade a par da mais perversa paixão e da mais apaixonada perversidade.

 

   Na verdade, apenas Heathcliff se revela sem redenção, trilhando, sem um desvio que seja, a sua rota de perdição, desde o momento em que a trouxa é desenrolada no chão e «aquela coisa de pele escura e cabelos pretos, tão negra como se o próprio Diabo a tivesse enviado» surgiu ali, no meio da cozinha, até à hora em que Nelly Dean descobre o cadáver, cínzeo e rígido, jazendo de costas na cama de painéis, de olhos esgazeados que pareciam «zombar do esforço que ela fazia para os fechar, e de boca entreaberta e denta­dura branca e afiada arreganhada, igualmente zombeteira».

 

   Vislumbra-se em Heathcliff um único, e solitário, sentimento humano, e esse *não* é o seu amor por Catherine, sentimento que se revela cruel e desumano -- paixão capaz de fervilhar incandescente nas entranhas de qualquer gênio maligno, fogo que podia ser o âmago atormentado, a alma condenada de um magnata dos infer­nos -- e que, pela sua insaciável e incomensurável força devasta­dora, o prende ao cumprimento da sentença que o condena a trans­portar consigo o Inferno para onde quer que vá. Não, o único elo que liga Heathcliff à humana condição é o respeito rude que con­fessamente tem por Hareton Earushaw -- o jovem que ele arrui­nou; e também a sua estima, algo implícita, por Nelly Dean. Omi­tidos estes traços solitários, bem se poderia dizer que ele era, não um filho de Lascar, não um cigano, mas uma forma humana ani­mada de sopro demoníaco -- um espírito necrófago, um gênio do mal, um Afrita.

 

   Se é legítimo, ou aceitável, criar coisas como um Heathcliff, isso não sei, e custa-me a crer que seja. Mas isto eu sei: todo o escritor que alberga em si o dom de criar possui algo que nem sempre comanda -- algo que, por estranho que pareça, adquire por vezes vontade e iniciativa próprias. Ele pode até impor-se regras e traçar­-se princípios, submeter-se a essas regras e a esses princípios por largos anos talvez. Nisto, sem aviso, sem um sinal de revolta, chega um momento em que essa força não mais o deixa seguir atrás do arado, manter-se ordeiro no trilho, chega um momento em que essa força «escarnece das multidões da cidade, sem se importar com os gritos do condutor» -- um momento em que, recusando terminan­temente continuar a construir castelos de areia, se vira para a escul­tura em pedra e nos oferece um Plutão ou um Júpiter, uma Tisífona ou uma Psyche, uma Sereia ou uma Madona, segundo mandam os Fados ou a Inspiração. Seja a obra obscura ou gloriosa, sacrílega ou divina, nada mais nos resta que a aceitação passiva. Quanto a ti -- artista que lhe dás o nome -- o teu quinhão na obra é um traba­lho passivo, sob ordens que tu não deste, nem pudeste questionar -- que não respondiam ao teu chamado, nem eram anuladas ao sabor dos teus caprichos. Se o resultado for atraente, o Mundo te louvará, a ti, que esse louvor não mereces; se repelente, o mesmo Mundo te condenará, a ti, que tão pouco mereces a condenação.

  

_A Colina dos Vendavais* (_Wuthering Heights) é obra talhada em oficina selvagem, com ferramentas rudimentares, a partir de mate­riais caseiros. A escultora encontrou um bloco de granito numa charneca solitária e, ao pousar nele os olhos, viu como do penedo se desprendia a cabeça -- selvagem, negra, sinistra; uma forma moldada com, pelo menos, um elemento grandioso -- o poder. Aplicou-lhe o cinzel, sem outro modelo que não fosse a visão das suas meditações. Com tempo e com trabalho, o penedo adquiriu forma humana, erguendo-se colossal, negro e carrancudo, meio estátua, meio rocha; enquanto estátua, terrível e demoníaco; enquanto rocha, quase belo, nas suas tonalidades esbatidas de cin­zentos, nas suas roupagens de musgo do urzal; e a urze, desabro­chando em flores e balsâmicas fragrâncias, cresce fiel aos pés do gigante.

 

 

 

CURRER BELL

[_Charlotte Brontë]