USO DO ARTIGO INDEFINIDO

 

 

 

 

Casos em que se usa em inglês e não se usa em português

 

 

 

1 – Quando o nome predicativo do sujeito é um substantivo ou um adjectivo substantivado acompanhado ou não de adjectivo:

 

Nome predicativo do sujeito:

Quando o predicado é verbal é constituído por um verbo de significação definida que só por si pode constituir predicado, Ex: o aluno estuda, as aves voam.

Quando o predicado é nominal é expresso por um verbo de significação indefinida que necessita de ser acompanhado de um substantivo, adjetivo, pronome ou expressão equivalente, que, referindo-se ao sujeito completa a sua significação, Ex: a maçã é saborosa, o rapaz está doente. O substantivo, adjetivo, pronome ou expressão equivalente designa-se por NOME PREDICATIVO DO SUJEITO.

 

 

Comparem-se as seguintes expressões nas duas línguas:

 

He is a captain → ele é capitão

 

He is a count → ele é conde

 

He is a good man → ele é bom homem

 

He is a friend of my father → ele é amigo de meu pai

 

It is a lie… → é mentira…

 

It is a sin… → é pecado…

 

Nestas frases emprega-se em inglês o artigo indefinido porque os nomes mencionados referem-se a um elemento de cada classe (a «classe» dos capitães, dos condes, dos pecados, das mentiras, etc.)

 

 

 

 

2 – Junto a um aposto ou continuado: (Aposto – o substantivo que imediatamente se junta a outro substantivo, para o determinar ou caracterizar com maior individualização Ex: D. Afonso Henriques, o vencedor de Ourique, foi o primeiro rei de Portugal; Camões como poeta é o maior vulto do seu tempo; o aluno fez bom exame, prova evidente do seu saber)

 

 

Charles Dickens, a famous English writer…

 Charles Dickens, notável escritor inglês...

 

 

Mas note-se que o artigo que precede o aposto pode ser o artigo definido quando o sentido o pede:

 

 

Charles Dickens, the author of «David Copperfield»

Charles Dickens, (o) autor de «David Copperfield»

 

 

Verifica-se aqui um exemplo característico do espírito de lógica que domina o emprego do artigo em inglês. Diz-se «a famous English writer» porque há muitos escritores ingleses e Charles Dickens é apenas um deles, um indivíduo da «classe» dos escritores. Todavia o autor de David Copperfield é apenas um e por isso se usa o artigo definido no segundo exemplo.

 

 

 

 

Tendo na mente este espírito de discriminação, não será muito difícil compreender as razões do uso do artigo nas alíneas que se seguem:

 

 

 

3 – Em expressões que encerram uma ideia de proporção:

 

 

Once a year

Uma vez por ano

 

 

Twice a week

Duas vezes por semana

 

 

A shilling a dozen

Um xelim cada dúzia, por dúzia, a dúzia

 

 

One and six a pound

Um xelim e seis (dinheiros) cada libra, por libra, a libra

(Neste caso a «libra» refere-se à unidade de PESO usada pelos britânicos)

 

 

 

 

4 – Depois de «such» e «what» seguidos de um singular:

 

 

I never saw such a thing!

Nunca vi tal coisa!

 

 

What a nice little house!

Que linda casinha!

 

 

 

 

5 – com «half» colocado antes ou depois:

 

 

This cost me half a crown

Isto custou-me «meia coroa» (dois xelins e seis dinheiros)

 

 

I waited an hour and a half

Esperei (uma) hora e meia

 

 

 

 

6 – Junto a verbos, em expressões que têm correspondente em português:

 

 

 

Com «to have»:

 

 

to have a right to

Ter direito a

 

 

to have a mind to

Ter (fazer ) tenções de

 

 

to have a gift for

Ter jeito para

 

 

to have an opportunity for

Ter oportunidade de (para)

 

 

to have a taste for

Ter gosto para

 

 

to have an appetite

Ter apetite

 

 

to have a headache

Ter dores de cabeça

 

 

to have a tender (kind) heart

Ter bom coração

 

 

etc.

 

 

 

Com «to be»:

 

 

to be in a hurry

Estar com pressa

 

 

to be in a panic

Encher-se de pânico, alarmar-se

 

 

To be in a position to

Estar em situação de

 

 

To be under an obligation to

Ter obrigação de

 

 

to be a victim of

Ser vítima de

 

 

to be a prey to

Ser presa (alvo) de

 

 

to be in a bad mood (temper)

Estar de mau humor

 

 

etc.

 

 

 

Com «to make»:

 

 

to make a fortune

Fazer fortuna

 

 

to make a fuss

Fazer cenas, espalhafato

 

 

to make a noise

Fazer barulho

 

 

to make a difference

Fazer diferença

 

 

etc.

 

 

 

Com «to take»:

 

 

to take a fancy to

Tomar gosto por

 

 

to take an interest in

Tomar (ter) interesse por

 

 

to take a pride in

Ter orgulho em

 

 

to take a pleasure in

Ter prazer em

 

 

etc.

 

 

 

Com outros verbos:

 

 

to put an end to

Pôr fim a

 

 

To pull a long face

Fazer má cara

 

 

To wear a hat

Usar chapéu

 

 

To exercise an influence

Exercer influência

 

 

To become a nun

Fazer-se freira (professar)

 

 

etc.

 

 

 

Examinando bem todos estes exemplos, ver-se-á que o artigo se usa para concretizar e particularizar um nome que aliás se poderia tomar como abstrato e no sentido genérico.

Nome - designação genérica para as categorias de substantivo, adjectivo e pronome

 

«To be in a position to», por exemplo, tem o sentido de «estar numa posição, numa situação especial»; «to take a pride in» significa «ter certo orgulho em», etc., etc.

 

O inglês não gosta de ser abstrato quando pode ser concreto.

 

 

 

 

7 – Em certas frases que indicam partes de um objeto concreto ou abstrato:

 

 

A quarter of an hour

Um quarto de hora

 

 

A branch of a tree

Um ramo de árvore

 

 

The heel of a shoe

Um salto de sapato

 

 

Aqui observa-se o mesmo princípio que vimos atrás: «um quarto de uma certa hora», «um ramo de uma certa árvore».

 

 Note-se o emprego do artigo definido «the» antes de «heel»: não se usa o artigo indefinido porque um sapato só pode ter um salto.

 

 

 

 

8 – Em expressões muito familiares como:

 

 

That fool of a boy

Aquele palerma de rapaz

 

That darling of a baby

Aquela «jóia» de bébé

 

 

That devil of a girl

Aquele diabo de rapariga

 

 

Tais expressões encerram sempre um sentido de louvor ou reprovação e só se usam entre pessoas íntimas, tal como em português.

 

 

 

 

Colocação do Artigo Indefinido

 

 

Vimos que o artigo «a» («an») se coloca depois de «such» e «what», casos em que não se usa paralelamente em português.

 

Há, porém, outras situações em que se usa nas duas línguas, colocando-se em posição diferente:

 

Coloca-se em inglês depois do adjetivo em frases com «how», «however», «too», «quite» e «rather».

 

 

 

You don’t realize how kind a man he is.

Não imaginas como ele é um homem bom.

 

 

However rich a man may be, he can’t buy everything.

Um homem, por muito rico que seja, não pode comprar tudo

Por muito rico que seja um homem...

 

 

A construção é diferente nas duas línguas porque em inglês «how» e «however» (expressões adverbiais) atraem o adjetivo, ao passo que em português as expressões correspondentes («como» e «por muito que», expressões conjuncionais) atraem o verbo.

 

 

This is quite a confortable chair

Esta é uma cadeira bastante confortável.

 

 

It’s rather a nice day

Está um dia bastante agradável

 

 

It’s too hard a job for me

É um trabalho difícil demais para mim

 

 

I’ve never met so nice a fellow as he is.

Nunca conheci um «fulano» tão simpático como ele

 

 

 

 

Casos em que o artigo indefinido se usa em português e não se usa em inglês

 

 

Ao passo que há maior tendência para usar o artigo definido em português do que em inglês, dá-se o contrário com o artigo indefinido, que se usa muito mais na língua inglesa do que na nossa.

 

 

São raros os exemplos em que o artigo indefinido ocorre em português e não se pode empregar em inglês, numa construção paralela.

 

 

Em teoria, não se deve usar em inglês com nomes de coisas que não se podem contar com os chamados «uncountables»: como «sugar», «money», «iron», etc., mas, na prática, qualquer «uncountable» se pode transformar em «countable», tomado em sentido específico.

 

 

Deve dizer-se:

 

 

This is good silk

Isto é uma boa seda

Isto é boa seda

 

 

mas referindo-nos, por exemplo, a uma determinada marca de seda, podemos dizer:

 

 

This is a good silk

 

 

 

 

 

Fim de Capítulo

Próximo Capítulo: «Substantivos»